Para onde vai Davi Belfort?
Após o QB brasileiro escolher três universidades para a parte final de seu processo de recrutamento, é hora de tentar descobrir qual será o seu destino no College.
O quarterback Davi Belfort (Gulliver Prep, Florida), recruta de quatro estrelas da classe de 2024, vem de uma família que dispensa apresentações: filho do lutador de MMA Vitor Belfort e Joana Prado, Davi nasceu no Brasil e mora desde os cinco anos nos Estados Unidos, onde encontrou no football sua grande vocação. Não tardou muito para ele chamar atenção dos scouts; desde então, ele recebeu outras 28 ofertas; na semana passada, Belfort decidiu entre três finalistas: Michigan State, Texas A&M e Virginia Tech. Qual destes programas o QB brasileiro deve escolher? Ainda não se sabe a data em que Belfort irá anunciar sua decisão - segundo matéria do 247Sports, o anúncio deve sair entre fevereiro e o começo de março, enquanto Vitor Belfort falou que sua decisão só sai entre abril e maio.
Dito isso, nunca é cedo para entender um pouco mais sobre seu processo de recrutamento e tentar entender qual time seria o melhor fit para sua carreira e perfil de jogador.
O recrutamento de Davi Belfort
No dia 29 de agosto de 2020, quando ainda tinha 15 anos e antes mesmo de entrar no high school, Belfort recebeu sua primeira oferta de bolsa vinda de um programa da FBS, a subdivisão de elite do college football - Arizona State. No entanto, as coisas só passaram a esquentar a partir de 2022:
No dia 19 de janeiro, Belfort visita Texas A&M e recebe uma oferta dos Aggies;
No dia 14 de maio, Belfort anuncia que recebeu oferta de Virginia Tech. Ele visitaria Blacksburg duas vezes: a primeira no dia 3 de dezembro e a última, no dia 21 de janeiro deste ano;
No dia 9 de junho, Belfort recebeu oferta de Michigan State; uma visita não-oficial a East Lansing viria no dia 15 de outubro.
A temporada 2022, seu ano de high school junior, não foi muito boa para Belfort na Gulliver Prep. Ele se reclassificou da classe de 2025 para a de 2024, mas teve um desempenho errático - acertou cerca de 52% dos passes para 1102 jardas aéreas, registrando 11 touchdowns e cinco interceptações - antes de se lesionar num jogo contra South Miami (também da Florida) e perder o restante da temporada.
Uma das perguntas que mais recebi nas redes sociais foi a seguinte:
Por que Davi Belfort escolheu esses três times se programas de maior prestígio, como Alabama, Georgia, Michigan e Florida lhe ofereceram bolsa?
Para um recruta vindo do high school football, ainda mais com a mente competitiva que a maior parte destes atletas têm, é mais importante ir para um programa em que há mais chances de conseguir a titularidade do que um time vencedor em si. Alabama e Florida já têm quarterbacks que tiveram certo tempo de cancha na última temporada e presumidamente serão titulares nos próximos anos; no caso dos Gators, o programa ainda estava investido no QB Jaden Rashada (4 estrelas da classe de 2023 vindo de Pittsburg, CA), que há poucos dias decidiu não jogar pelo programa. JJ McCarthy, que participou do último Playoff, continuará em Michigan; Georgia, por outro lado, terá uma batalha tripla entre os QBs atualmente no elenco - todos recrutas de alto calibre e com pelo menos uma temporada no College.
Michigan State, Virginia Tech e Texas A&M oferecem cenários mais favoráveis para que Belfort entre como candidato à titularidade já em 2024, na sua temporada de calouro.
Vamos à situação de Belfort em relação a cada um desses programas.
Texas A&M
Ainda que Davi tenha colocado A&M entre as finalistas, acredito que o programa “corre por fora” neste processo de recrutamento - e nem acho que é por falta de interesse de Belfort em jogar pelos Aggies, mas devido a um entusiasmo um pouco menor do programa com ele. Dos três, Texas A&M é o que tem recrutado melhor nos últimos anos, terminando com a melhor classe em 2022 e a #12 neste ano - portanto, no papel é o time que tem o teto mais alto entre os finalistas. Os Aggies já assinaram com um QB 4 estrelas para a classe de 2023: Marcel Reed, que assinou com o programa em dezembro e certamente será um duro adversário para Belfort numa eventual QB battle. Texas A&M foi mal ano passado, terminando 5-7, mas certamente há talento suficiente no roster para que o time seja competitivo no futuro próximo.
Michigan State
Davi Belfort demonstrou ter certa afinidade com o técnico Mel Tucker, a quem conheceu na sua visita a MSU em junho - mesmo dia em que recebeu oferta do programa. Belfort ainda não têm visita marcada a East Lansing para as próximas semanas, mas podemos esperar que isso aconteça enquanto ele decide por seu destino. Davi é um protótipo de QB diferente dos últimos titulares da posição pelos Spartans, como Payton Thorne, mas o coordenador ofensivo Jay Johnson parece buscar um jogador dual-threat para trazer dinamismo a este ataque. O desenrolar do processo vai depender muito do que irá acontecer com Jake Merklinger (Calvary Day, Georgia), outro QB da classe de 2024 que vem despertando interesse em MSU. Caso o recrutamento de Merklinger não dê certo, acredito que o time irá apostar o resto de suas fichas em Belfort.
Virginia Tech
Os Hokies tiveram uma temporada decepcionante no primeiro ano sob o comando do técnico Brent Pry: Virginia Tech terminou 3-8 com um desempenho abismal do ataque - que provou ser o grande ponto fraco do time em talento, playcalling e execução. Muito há de ser feito para tornar o programa competitivo dentro da ACC e, embora o recrutamento tenha sido decente desde a chegada de Pry, ainda está abaixo dos dois times já mencionados aqui. No entanto, toda crise gera oportunidades: dada a atual falta de talento no roster ofensivo, Tech oferece a Belfort boas chances de chegar em 2024 como forte candidato a ser QB titular logo em sua temporada de calouro, o que é o sonho de 99% dos jogadores. O coordenador ofensivo do programa atualmente é Tyler Bowen, nome em ascensão com passagens por Penn State e Jacksonville Jaguars (NFL) mas que pouco pôde fazer com o elenco atual dos Hokies.
Avaliação de Davi Belfort e palpite sobre seu destino
Belfort é um quarterback com muito potencial, especialmente se jogar num ataque em spread (filosofia ofensiva na qual está acostumado a jogar desde antes do high school). Ele é um passador preciso, com força no braço para passes verticais longos, atleticismo suficiente para escapar da pressão e soltar a bola em movimento, boa presença no pocket e habilidade para fazer jogadas com as pernas. A temporada que teve em 2022 e seu tamanho de momento (1.78m de altura e 84 kg, relativamente undersized para um QB) podem preocupar alguns olheiros, mas vale lembrar que ele tem 17 anos e ainda pode se tornar mais alto e forte.
Dados os fatores que listados aqui, acredito que Davi Belfort vá para Virginia Tech. A afinidade que ele demonstrou com os Hokies até aqui e a possibilidade de torná-lo titular logo no primeiro ano devem fazer com que o programa seja o destino preferencial do QB brasileiro para avançar sua carreira.
Independentemente do destino, desejamos todo o sucesso do mundo para o Davi!